O primeiro-ministro japonês considerou o sismo a maior catástrofe no país desde a II Guerra Mundial. Mas o impacto vai para além do Japão.
Embora seja difícil de estimar as consequências humanas e económicas do sismo de 8,9 e da onda gigante de 10 metros que se seguiu, os especialistas alertam que as consequências vão ser profundas e globais.
"O sismo do Japão vai ser uma das catástrofes mais caras da história. Esta não é apenas uma circunstância japonesa, vai afectar ambos os lados do Pacifico e o custo vai subir muito rapidamente", afirma Dennis Gartman, gestor de ‘hedge funds', à CNBC
De acordo com as estimativas da empresa de modelo de risco AIR Worldwide, só em propriedades seguradas as perdas deverão ascender aos 24,62 biliões de euros, mais do que todos os custos causados por catástrofes em 2010.
Retoma ganhará força
Porém, depois de o Japão lidar com as massivas perdas humanas e económicas, o país terá de se concentrar na reconstrução das áreas destruídas, o que poderá dar força à economia nipónica, segundo alguns peritos.
"Obviamente, o custo humano é o mais importante ", sublinhou Nicholas Colas, especialista da ConvergEx. "Mas a reconstrução vai criar muitos postos de trabalho e gerar riqueza".
Também David Resler, economista chefe da Nomura Securities, frisa que "muitos recursos vão ser direccionados para a reconstrução do Japão. Mas nem todos os fundos virão do Governo. Alguns recursos para reconstruir uma parte devastada da ilha virão das companhias de seguros e empresas privadas".
Iene mais forte
É esperado ainda que o iene, tido como fraco, historicamente, comece a valorizar contra as restantes divisas mundiais, puxado pelo aumento da circulação da moeda no país, por causa da reconstrução.
Esta tendência de subida foi observada na sexta-feira, quando o iene avançou quase 1,5% face ao dólar e apreciou perto de 1% em relação ao franco suíço.
"O dinheiro vai ser repatriado para o Japão, de forma a ajudar a pagar os danos", afirmou Dennis Gartman.
Preços do petróleo podem descer
Outra consequência será a queda dos preços do petróleo. É que as dificuldades económicas no Japão vão afectar negativamente a procura mundial da matéria-prima.
Foi neste cenário que os preços do 'ouro negro' caíram mais de 1% em Londres e nos Esrados Unidos, na sexta-feira.
Menor procura por dívida dos EUA
Os encargos com a reconstrução devem ainda levar o Japão a reduzir a compra de obrigações dos Estados Unidos. O Japão é o terceiro maior detentor de dívida pública dos EUA, depois da Reserva Federal (Fed) e da China.
"Levanta-se a questão de saber se os japoneses poderão continuar a ser grandes compradores das nossas obrigações [dos EUA]", disse Quincy Krosby, especialista da Prudential Financial. "Eles vão usar uma quantia substancial para a reconstrução de infra-estruturas", acrescentou.
No final de 2010, o Japão detinha 882 mil milhões de dólares em obrigações do Tesouro, enquanto a China possuía 1,16 biliões de dólares em dívida norte-americana.
Bolsas vão ignorar o sismo
Os mercados accionistas reagiram em baixa ao sismo no Japão, com as bolsas asiáticas a tombarem cerca de 5%. Mas depois de os investidores terem 'digerido' a situação, as bolsas recuperaram.
"Não acredito que este evento vá criar medo e incerteza no mercado. É um acontecimento natural. Eles vão recuperar", sublinhou Todd Horwitz, analista do Adam Mesh Trading Group
14/03/2011
Económico
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