segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

ISENÇÕES E CÂMBIO FAVORECEM IMPORTADOS

Queda de preços de produtos em países desenvolvidos também explica crescimento

O barateamento dos produtos fabricados nos países desenvolvidos ainda com desaceleração econômica aliada à estratégia de dez estados brasileiros, que reduziram a tributação para as importações, são fatores que têm aprofundado os problemas ligados à valorização do real frente ao dólar. A união desses três componentes já faz as importações brasileiras crescerem a um ritmo de 40,5% enquanto as exportações avançaram 28,3% nos últimos 12 meses encerrados em novembro.

Na avaliação do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Miguel Jorge, há um processo perverso em alguns países desenvolvidos que faz com que os produtores reduzam suas margens de lucro para manter escala, colocando produtosmais baratos no mercado internacional. Há alguns países, como a Espanha, que tem 20% de desempregados, e tradição na produção de moldes e ferramentas. Segundo ele, esses produtos estão muito mais baratos hoje do que há seis anos. A indústria brasileira é afetada tanto por isso quanto pelos produtos chineses. “É uma questão de preços e bem complicada de resolver porque não se consegue melhorar em 60% o valor dos nossos produtos”, disse Jorge para quem há, sim, um problema conjuntural, mas também estrutural no qual as empresas brasileira precisam se dedicar mais à inovação e elevar sua produtividade.

A despeito da perspectiva de que esse fôlego continue, o ministro diz não concordar com a tese de desindustrialização no Brasil. Mas admite que não é uma discussão fácil, pois é preciso levar emconta uma série de fatores.

Para ele, é difícil acreditar nessa tese quando se depara com dados sobre investimentos no setor produtivo. Por exemplo: nos últimos quatro anos os aportes chegaram a US$ 130 bilhões ante US$ 60 bilhões registrados entre 2002 e 2006. O total é a soma tanto de recursos internos quanto daqueles vindos do exterior por meio de Investimento Estrangeiro Direto (IED).

“O fato de haver setores menos desenvolvidos e em retração não pode ser usado para desenvolver uma tese de desindustrialização generalizada”, afirmou Jorge, admitindo que, de fato, há um risco de que esses setores menos competitivos desapareçam da cadeia produtiva brasileira. “Isso não é novo em um processo de abertura comercial.” S.C.

13/12/2010
Fonte: Brasil Econômico

Nenhum comentário:

Postar um comentário