As exportações do Brasil poderão superar US$ 198 bilhões em 2010 - repetindo o recorde obtido em 2008, antes da crise internacional -, pois em 11 meses já somaram US$ 180,9 bilhões. Esse é o destaque da análise feita pela Secretaria de Comércio Exterior.
A análise seria menos triunfalista se indicasse que o superávit da balança comercial, de US$ 312 milhões, é o valor mais baixo desde janeiro e que o resultado das exportações (US$ 17,6 bilhões) se deve essencialmente aos produtos básicos (US$ 7,4 bilhões), que, graças a uma conjugação de aumentos de volume e de preços, tiveram um crescimento de 69,2% em relação a novembro do ano passado, enquanto os produtos semimanufaturados (essencialmente óleo de soja) tiveram elevação de 45,5\% e os manufaturados, de apenas 18,6%.
Mereceria também maior destaque o crescimento das importações, de 44,3% em relação a novembro de 2009 - e a compra de bens duráveis de consumo aumentou 53,5%.
Trata-se de um quadro tipicamente natalino, devendo-se observar que as importações de bens de consumo deram um salto em razão, de um lado, da taxa cambial e, de outro, da queda de preços nos países fornecedores.
Móveis, aparelhos de uso doméstico, vestuário, produtos de toucador são bens que dificilmente podemos exportar, por causa de preços elevados que se devem não apenas à taxa cambial, mas, de um modo geral, ao "custo Brasil".
É interessante notar que, em outubro, o setor da indústria nacional que mais cresceu foi o de bens de consumo duráveis, justamente para atende à demanda de fim de ano.
A demanda que a indústria nacional não pode satisfazer em termo de preços é amplamente atendida pelos países asiáticos (31% das compras) e pela União Europeia, que, com a desvalorização do euro, aumentou em 14,2% suas vendas ao Brasil, em relação a outubro, ante apenas 3,3% da China e 2,5% dos Estados Unidos.
O Brasil não pode depender de uma alta do preço das commodities, especialmente quando a China se prepara para combater a inflação decorrente dessa elevação.
Se o Brasil realmente decidir dar prioridade aos investimentos em infraestrutura, será preciso aumentar as importações. Isso é normal, desde que se use plenamente a capacidade produtiva da indústria nacional, que continua a investir, mas encontra dificuldades para exportar em razão do custo de produção - consequência, por sua vez, de uma carga tributária excessiva e de um custo salarial elevado
Caberá ao novo governo enfrentar esses problemas.
06/12/2010
Fonte: O Estado de São Paulo
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