terça-feira, 23 de novembro de 2010

Importadores e fabricantes travam guerra dos guindastes

Uma tarifa para barrar a entrada de caminhões com capacidade de içamento igual ou superior a 60 toneladas abriu o confronto no país. Os guindastes são usados em obras de infraestrutura e movimentam R$ 280 milhões por ano.

Protecionismo deflagra guerra dos guindastes

Tarifa para barrar equipamento pesado chinês abre confronto entre fabricantes nacionais e importadores, que disputam mercado anual de R$ 280 milhões

Dubes Sônego
dsonego@brasileconomico.com.br

Em meio a crescentes discussões sobre guerra cambial e protecionismo, uma decisão em caráter temporário da Câmara de Comércio Exterior (Camex) colocou fabricantes nacionais e importadores de caminhões guindaste em pé de guerra. Trata- se da elevação de zero para 35% da tarifa aduaneira de um tipo específico do equipamento, com demanda em alta por causa
das obras de infraestrutura.

No cerne da disputa está o mercado de caminhões-guindaste com haste retrátil de 42 metros ou mais, e capacidade de içamento de carga igual ou superior a 60 toneladas. O equipamento é usado em ampla gama de atividades, da movimentação de equipamentos industriais ao posicionamento de vigas de concreto emedificações.

De acordo com estimativas conservadoras, a venda de entre 350 e 400 equipamentos do tipo no Brasil movimenta pelo menos R$ 280 milhões anualmente. E cresce no ritmo da construção
civil, acima de 10% ao ano.

De um lado da briga está um grupo de importadores de guindastes chineses das marcas Sany, XCMG e Zoomlion. Empresas como Ergomax, Brasif, Sertrading, GTM e Êxito pedem a extinção da tarifa de importação em caráter definitivo. Eles alegamque não há produção nacional dos caminhões-guindaste em questão. E que, portanto, não há base para o estabelecimento
da tarifa de 35%.

De outro, estão fabricantes nacionais de guindastes, como as gaúchas Imap, TKA e Madal, representados pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq),
que diz que há sim fabricação nacional, ainda que sob encomenda, a partir das 70 toneladas.

Para Klaus Curt Müller, diretor-executivo de mercado externo da Abimaq, além de haver fabricação local, o critério que determina se a tarifa é legítima ou não é o número de eixos direcionais
do equipamento, não a capacidade de içamento de carga. E na categoria abaixo de quatro eixos o país tem produção nacional de caminhões-guindaste, o que abre espaço para a alta da taxa.
“Gostaria de ver uma foto do guindaste de 70 toneladas fabricado no Brasil, de saber onde ele está funcionando”, afirma José Lacy de Freitas Júnior, diretor da Êxito,uma das importadoras envolvidas na disputa. “Não fabricam pelo simples fato de que no Brasil não são produzidos caminhões para suportar guindastes desse tamanho”, diz o executivo.

De fato, Luiz Medeiros da Silva, gerente de pesquisa e desenvolvimento da Imap,uma das fabricantes nacionais de guindastes, diz que só no ano passado grandes fabricantes de caminhões
no Brasil, como a Volks, apresentaram ao mercado modelos que podem suportar guindastesmaiores.

Desde então, sua empresa trabalha no desenvolvimento de caminhões-guindaste com capacidade de içamento acima de 60 toneladas. Mas ainda não vendeu nenhum. Em parte por causa dos preços dos concorrentes importados, diz.

Para Silva, porém, a imposição de alíquota é legítima, porque os fabricantes chineses não atendem a especificações da legislação local. Entre as características em desacordo estariam,
por exemplo, a largura dos eixos, superior aos 2,6 metros. Acusação negada pelos importadores. A Camex diz que elevou a tarifa baseada na informação, fornecidas pelas fabricantes locais,
de que há fabricação nacional de caminhões e de guindastes, não de caminhões-guindaste; que os importadores podem apresentar contestações e que a questão será reavaliadaemfevereiro.

22/11/2010
Fonte: Brasil Econômico
Extraído de Boletim Comexleis

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