De janeiro a outubro, país sócio do Mercosul respondeu por 9% das exportações brasileiras, ante 9,5% dos EUA, atuais donos da posição
A Argentina está perto de ultrapassar os Estados Unidos e voltar a ser o segundo maior cliente do Brasil no mercado externo. De janeiro a outubro, o sócio do Mercosul respondeu por 9% das exportações brasileiras, ante 9,5% dos EUA, que ainda estão imersos numa crise econômica.
Os argentinos já ocuparam essa posição em 2008, mas foram deslocados pela China. No ano passado, o gigante asiático deixou para trás EUA e Argentina e se tornou o principal cliente do Brasil no exterior. Os chineses respondem hoje por 15,8% das vendas brasileiras.
A inversão de posições foi significativa. Em 2000, os EUA compravam 24% do que o Brasil vendia. A Argentina ficava com 11,3%, e a China respondia por 2%. EUA e Argentina são clientes de manufaturados, enquanto a China compra commodities.
O país comandado por Cristina Kirchner é um dos destaques das exportações do Brasil este ano. As vendas para a Argentina cresceram 53% até outubro, para US$ 14,7 bilhões – a maior alta entre os grandes parceiros e acima do aumento total de 29,7%.
“É um comércio estável e menos sensível ao câmbio porque há integração das cadeias produtivas”, disse o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral.
O real forte tem menos impacto nas exportações para a Argentina. A concorrência no sócio do Mercosul é menos feroz, já que os produtos brasileiros não pagam tarifa de importação. O poder de barganha das empresas brasileiras para impor reajustes e compensar o câmbio é maior.
Entre as razões para o bom desempenho, está a recuperação da economia argentina, que deve crescer 7,7%. “Enquanto as commodities estiverem em alta, a Argentina tem mais dinheiro para importar e o Brasil é o vendedor natural”, disse o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
Automóveis. O setor automotivo respondeu por 46% das exportações para a Argentina. Com fábricas nos dois países, as trocas dificilmente são interrompidas por variação de câmbio. “O câmbio prejudica as vendas para outros destinos. Na Argentina, o problema é que a diferença entre o peso e real traz imprevisibilidade”, disse o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini.
De janeiro até setembro, o Brasil vendeu US$ 6 bilhões em carros e autopeças para a Argentina e importou US$ 4,9 bilhões. Foram exportados 240 mil veículos, alta de 66%. O mercado argentino de veículos se recuperou da crise e deve chegar a 600 mil unidades este ano.
Outros setores também sentem a pujança do vizinho. “As vendas melhoraram sensivelmente na Argentina”, diz José Luiz Diaz Fernandez, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Mobiliário (Abimóvel). O executivo conta que o país saiu da sexta para a segunda colocação entre os mercados para móveis brasileiros.
Uma exceção são os celulares, segundo produto da pauta de exportação. Os embarques caíram 22% de janeiro a setembro. Mário Branco, gerente de comércio exterior da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), explica que a Argentina segue adotando barreiras contra os celulares brasileiros.
14/11/2010
Fonte: O Estado de São Paulo
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