A Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) recebeu nesta quarta-feira (12), em Curitiba, o ministro de Indústria e Comércio do Paraguai, Gustavo Leite, que apresentou a empresários paranaenses oportunidades de negócios com o país vizinho. Acompanhado de uma comitiva de técnicos do governo paraguaio, Leite afirmou que a intenção de seu país ao buscar a atração de investimentos brasileiros não é tirar empregos do Brasil, mas criar uma integração entre as cadeias produtivas dos dois países que possibilite maior competitividade às empresas.
O Seminário Brasil-Paraguai realizado nesta quarta foi decorrência da missão empresarial brasileira, composta por 178 empresários e liderada pelo presidente do Sistema Fiep, Edson Campagnolo, que no mês passado visitou a região de Assunção. “Nessa visita vimos que o Paraguai pode ser uma alternativa para que indústrias brasileiras, sem deixarem de produzir aqui, possam ser competitivas principalmente no mercado global, utilizando o país como base exportadora”, disse Campagnolo. “Pelo ambiente de negócios atual do Brasil, temos alguns setores que perderam competitividade e muitas indústrias que passaram a ser apenas importadoras. Temos que encontrar oportunidades para essas empresas e percebemos que o Paraguai pode ser uma alternativa, já que tem feito a lição de casa melhor que o Brasil”, completou o presidente da Fiep.
Segundo o ministro Gustavo Leite, a aproximação que o governo paraguaio vem buscando com empresários brasileiros está de acordo com o alinhamento político que está ocorrendo entre os presidentes dos dois países. “Nossa intenção com esta reunião na Fiep é aprofundar a visão da presidente Dilma (Rousseff) e do presidente Horacio (Cartes) de que Brasil e Paraguai devem trabalhar juntos em cadeiras produtivas ganhar-ganhar”, afirmou. “Não queremos tirar empregos do Brasil, que vive hoje uma situação de quase pleno emprego e continua crescendo. O que queremos é ir junto com o Brasil para o mundo”, acrescentou.
Segundo Leite, o interesse de indústrias brasileiras e de outras partes do mundo pelo Paraguai vem crescendo por dois motivos principais. O primeiro é o ambiente macroeconômico do país. “O Paraguai tem sido um país muito estável, e a primeira coisa que o empresário quer é estabilidade econômica. A inflação é muito baixa, é um país com um sistema financeiro muito solvente, com muitas reservas”, disse. O segundo é a política de incentivos do governo paraguaio, principalmente no que se refere ao sistema tributário. “O Paraguai é quase um paraíso fiscal. Estamos com uma política de atrair empresas e criar empregos dignos no Paraguai e temos muita competitividade para oferecer”, afirmou.
Os benefícios são ainda maiores para indústrias que utilizam o Paraguai como base exportadora. Pelo chamado Regime de Maquila, as empresas podem importar matérias primas e insumos com suspensão de impostos e, na hora de vender o produto acabado para o exterior – o que inclui o Brasil –, pagam um imposto único de 1% sobre o valor agregado à mercadoria. “Temos empresas de várias partes do mundo se instalando no Paraguai. Isso quer dizer que alguma coisa está acontecendo, não somos nós, como funcionários do governo, que estamos promovendo o país. Esse trabalho tem que estar suportado por dados reais”, concluiu o ministro.
Durante o seminário, o empresário argentino Jorge Bunchicoff, proprietário da Blue Design, que confecciona jeans, fez um relato de sua experiência empresarial no Paraguai. Bunchicoff atua no país há 17 anos e foi uma das primeiras empresas a se inserir no Regime de Maquila. No ano passado, inaugurou uma nova fábrica da Blue Design nos arredores de Assunção – visitada pela missão brasileira em fevereiro –, que hoje emprega 600 pessoas e produz aproximadamente 85 mil calças por mês. A capacidade da planta, porém, é de produzir até 200 mil peças mensais, nível que deve ser alcançado dentro de um ano e meio, quando o quadro de colaboradores deve chegar a 1 mil trabalhadores. “Se fizemos esse investimento alto no ano passado, depois de 17 anos no Paraguai, é sinal de que acreditamos que podemos crescer ainda mais”, resumiu o empresário.
Além de Gustavo Leite, participaram do seminário desta quarta-feira diversos técnicos do Ministério de Indústria e Comércio do Paraguai. Estiveram presentes ainda o diretor brasileiro da Itaipu Binacional, Jorge Samek, o secretário estadual em exercício da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul, Horácio Monstechio, e o secretário de Administração da prefeitura de Curitiba, Fábio Scatolin. O evento teve também a participação de empresários e representantes de entidades empresariais paranaenses.
Fonte: http://www.comexblog.com.br/destaques/paraguai-quer-ser-parceiro-da-industria-brasileira-afirma-ministro
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