quarta-feira, 27 de abril de 2011

Fazenda quer ICMS unificado sobre importados em 2012

Para secretário da Fazenda, transição para a alíquota final deve ocorrer em três anos.
BRASÍLIA – Durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, defendeu nesta terça-feira, 26, que a alíquota unificada de ICMS sobre as importações comece a vigorar em 1º de janeiro de 2012. Na opinião do secretário, a transição para a alíquota final, a ser fixada por meio de resolução do Senado, deve ocorrer em três anos, sendo concluída em 2014.

Embora o projeto de resolução do líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), proponha uma alíquota zero sobre as importações de produtos, Nelson Barbosa não descarta um consenso em torno de uma alíquota intermediária, que pode ficar entre 2% e 4%. Mas ele ressaltou que a transição tem de ser “rápida”, e não em 12 anos, como pleiteou o Estado do Espírito Santo. Nesse prazo, afirmou o secretário, o Brasil perderia setores estratégicos da indústria nacional como o de bens de capital. “Não podemos nos dar ao luxo de perder essa indústria”, salientou.

O roteiro traçado por Nelson Barbosa para a reforma completa da legislação sobre ICMS começa pela unificação das alíquotas sobre produtos importados. O passo seguinte seria a fixação – também por resolução do Senado – de alíquotas de ICMS sobre produtos específicos, como energia, alimentos e remédios. “Podemos fazer uma transição de uma vez, fixando alíquota de 4% para tudo”, chegou a sugerir o secretário.

Com uma alíquota unificada, o governo acha que colocaria fim aos ganhos fiscais dos Estados envolvidos na chamada “guerra dos portos”. A maior parte dos bens importados com incentivos fiscais é remetida a outros Estados. Sem essa circulação, o governo afirma que seria menor o prejuízo causado à indústria nacional.

Folha de pagamento

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda afirmou na CAE que o projeto de lei para desonerar a folha de pagamento das empresas será enviado pelo Executivo ao Congresso até o final de maio. “O governo ainda não tem uma proposta fechada”, explicou o secretário, mas ressaltou que estão em análise várias sugestões encaminhadas por sindicatos, empresários e pela indústria nacional.

Em fevereiro, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a desoneração da folha somente seria possível se o governo encontrasse contrapartidas tributárias. “Só poderemos tirar da folha se colocarmos o tributo em outro lugar. E somente se a arrecadação subir é que vamos desonerar outras áreas”, declarou. Há várias alternativas em estudo na Fazenda. Uma delas seria a redução escalonada da contribuição previdenciária e a exclusão permanente de alguns encargos, como o salário educação (2,5%) e o adicional sobre a folha (0,2%), repassado ao Incra.

26/04/2011
Fonte: O Estado de São Paulo

terça-feira, 26 de abril de 2011

Câmbio facilita importação e desestimula produção local

Pesadelo para empresas exportadoras, a valorização do real frente ao dólar é positiva para quase todos os fornecedores de infraestrutura para telefonia. A maioria deles traz de fora - geralmente, da China - os equipamentos vendidos no Brasil.

A exceção fica por conta da Ericsson, que produz estações radiobase e material para redes de telefonia móvel em São José dos Campos (SP).

O dólar abaixo de R$ 1,60 é um desestímulo "completo" à produção local, avalia o vice-presidente da Abinee para telecomunicações, Paulo Castelo Branco. No ano passado, a balança comercial do setor ficou negativa em US$ 1,5 bilhão. Entram na conta exportações e importações de telefones móveis, mas os equipamentos de redes são os maiores causadores do déficit.

"Para as empresas, está mais barato importar. A produção local fica inviável", afirma o presidente do conselho de administração da Nokia Siemens no país, Aluizio Byrro. O executivo defende a adoção de medidas compensatórias - como a redução de impostos - para estimular a indústria nacional.

Apesar do cenário favorável à importação, a Alcatel-Lucent não descarta a possibilidade de fabricar no Brasil no médio prazo. Com o lançamento das redes de telefonia móvel de quarta geração (4G), a ideia pode voltar a fazer sentido, diz o presidente da empresa no país, Jonio Foigel.

A companhia inaugura, na próxima semana, um centro de integração de tecnologia em São Paulo. A unidade, que vai desenvolver software para áreas como segurança de redes e call center, será um dos cinco centros mantidos pela empresa no mundo.

26/04/2011
FONTE: Valor Econômico

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Dumping - Importação da China- Laminados planos, ferro ou aço

DOU DE 18/04/2011

Legislação: Circular SECEX/MDIC nº 16, de 15/04/2011.
Resumo: Inicia investigação para averiguar a existência de dumping nas exportações da Comunidade da Austrália, dos Estados Unidos Mexicanos, da República da Índia, da República da Coréia e da República Popular da China para o Brasil de laminados planos, de ferro ou aço não ligado, de largura igual ou superior a 600 mm, revestidos de zinco ou revestidos de ligas de alumínio-zinco, ou pintados, quer sejam envernizados ou não, não ondulados, comumente classificadas nos itens 7210.30.10, 7210.49.10, 7210.61.00 e 7210.70.10, da NCM, de dano à indústria doméstica e de relação causal entre estes. (Se.1, págs. 84/85)

Jorge Gerdau defende urgência na reforma tributária

O presidente do conselho de administração do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau, defendeu urgência na reforma tributária brasileira. Segundo ele, é preciso atacar logo o problema e simplificar o processo.

“O momento exige urgência, o dólar e o cenário mundial mudaram”, afirmou. Durante evento na Bahia, ele criticou a guerra fiscal entre os Estados e chamou de bandalheira a prática de alguns Estados de reduzir os impostos de importação para atrair demanda. “Pedimos que o governo federal faça a sua parte que depois nos trabalharemos sobre isso.”

24/04/2011
Fonte: Jornal do Comércio

quarta-feira, 20 de abril de 2011

FELIZ PÁSCOA

CAE debate prejuízos causados por guerra fiscal

Os prejuízos causados à indústria nacional pela guerra fiscal nas importações e as propostas apresentadas para resolver o problema serão discutidos em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado na terça-feira, da qual devem participar o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, e representantes dos Estados e da indústria.

Segundo o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), o objetivo é buscar entendimento em torno de uma nova alíquota Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nas operações interestaduais com bens e mercadorias importados. "Teremos que fixar uma alíquota e criar um período de transição para que ela seja adotada paulatinamente", disse Jucá. Para o governo, a concessão de benefícios fiscais pelos Estados nos produtos importados prejudica a indústria nacional.

"Estamos sofrendo um problema grave de desindustrialização no país, porque estão sendo dados incentivos fiscais a produtos importados em detrimento da produção brasileira", afirmou Jucá.

Autor de um projeto de resolução do Senado, em tramitação na CAE, que zera essa alíquota do ICMS, Jucá disse que sua proposta foi apresentada apenas para dar início à discussão. O governo de São Paulo já apresentou sugestão de adoção de alíquota de 4%. Governadores deverão ser ouvidos em outra audiência pública da CRE.

Para a reunião de terça-feira, foram convidados, além de Barbosa, o secretário da Fazenda da Bahia e coordenador do Conselho Nacional de Política Fazendária, Carlos Marques, os secretários da Fazenda do Espírito Santo, Maurício Duque, e de São Paulo, Andrea Calabi e o presidente da CNI, Robson Andrade.

20/04/2011
Autor(es): Raquel Ulhôa | De Brasília
FONTE: Valor Econômico

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Competitividade força empresa a ir para fora

Natura, Vicunha e a gaúcha fabricante de calçados Schmidt Irmãos migraram para países da América Latina em busca de competitividade

A Vulcabrás é apenas um exemplo das muitas empresas brasileiras que estão transferindo para o exterior parte das operações devido à falta de condições mais favoráveis de competitividade no País. Fatores determinantes para a empresa competir em nível global, como juros, carga tributária, infraestrutura e câmbio, inviabilizam a exportação e a competição com produtos importados no mercado doméstico.

Pesquisa da Sociedade Brasileira de Estudos das Empresas Transnacionais (Sobeet), com cerca de 200 companhias brasileiras, mostra que a busca de competitividade internacional foi o item mais citado como o principal motivo que as levaram à internacionalização. Foi assinalado por 26% das empresas na pesquisa referente a 2010. Em 2008, ano que antecedeu o período mais crítico da crise global, o número era menor, de 25%.

"À medida em que o câmbio se valoriza, esse número ganha mais importância na estratégia de internacionalização das empresas brasileiras", diz o presidente da Sobeet, Luis Afonso Lima. Tanto que 60% das empresas pesquisadas pela entidade responderam que tendência do investimento da empresa voltada para a internacionalização em 2010 e 2011 é de aumento de 30% ou mais, comparado a 2009. Para 46% dos entrevistados, o investimento no exterior vai permanecer igual e só 4% falam em redução.

A fabricante de cosméticos Natura, por exemplo, fez parcerias com empresas locais para a produção e comercialização terceirizada de produtos no México, Colômbia e Argentina. "É o primeiro passo antes de estabelecermos nossa própria indústria local", diz Pedro Passos, sócio fundador da Natura.

Segundo ele, os produtos fabricados nesses países serão destinados a consumo interno, em um primeiro momento, mas também poderão ser exportados para toda a América Latina. "Estamos correndo sério risco de um dia ver as empresas transferirem fábricas para o exterior para abastecer o mercado brasileiro", frisa o empresário.

Mudança. Depois de 70 anos de atividade no País, a fabricante de calçados femininos Schmidt Irmãos, com sede em Campo Bom, no Rio Grande do Sul, decidiu se mudar de mala e cuia para a Nicarágua. Com 100% da produção exportada para os Estados Unidos e Europa, a empresa transferiu toda a sua linha de produção para a zona franca industrial de Zaratoga, na capital Manágua, onde já operava desde setembro do ano passado. Lá, a empresa exporta sem impostos para os EUA e Europa e ainda fica livre dos efeitos da valorização do real, além de dispor de mão de obra farta e barata.

Nos tempos áureos, a Schmidt Irmãos chegou a ter 21 unidades industriais no Rio Grande do Sul, produzia 4,5 milhões de pares por ano e empregava 3 mil pessoas. "Há um ano começou a encerrar atividades em diversos municípios gaúchos e fiz um acordo com a Nicarágua", conta o presidente do Sindicato dos Calçadistas de Campo Bom, Vicente Selistre. "As informações que nos chegam é de que a empresa vai criar cerca de 2 mil postos de trabalho na Nicarágua dentro de dois meses."

Selistre diz que a empresa ainda manteve a sede em Campo Bom, apenas com equipes administrativas e de desenvolvimento de produção. Dos 350 empregados que mantinha na sede, restaram cerca de 200. Na semana passada, os demitidos receberam as verbas indenizatórias no sindicato da categoria.

Já a Calçados Andreza decidiu fechar sua fábrica no município gaúcho de Santa Clara do Sul, no Vale do Taquari. A indústria de propriedade da família Piacini vinha enfrentando dificuldades dede o começo da crise calçadista, há cinco anos, com a escalada valorização do real frente ao dólar.

A data marcada para o fim das atividades é o próximo dia 6 de maio. A decisão causará demissão de 525 trabalhadores, o que corresponde a cerca de 10% da população da cidade (5,6 mil pessoas). "Boa parte dos funcionários estava quase se aposentando na empresa, que completou 40 anos este mês", diz o presidente do Sindicato dos Calçadista de Santa Clara do Sul, Natalício Luís da Rosa. Ele acredita que as fábricas de calçados da Beira Rio, instalada há oito meses na cidade, e da Lide podem absorver boa parte dos trabalhadores que foram demitidos.

Líder na produção de índigos e brins na América Latina e uma da três maiores fabricantes do mundo, a Vicunha Têxtil se prepara para desembarcar na Argentina. No início do ano, a empresa anunciou o fechamento de um acordo com o grupo argentino Ullum para iniciar a produção de denim no país vizinho. O grupo argentino possui as fábricas da Tinturaria Ullum, a Têxtil Galícia e a Têxtil Panamá.

Além disso, a empresa brasileira firmou um acordo de opção para a compra das fábricas, que vence em 30 de junho, ressalta o diretor financeiro da Vicunha, José Maurício D""Isep.


18/04/2011
Autor(es): Marcelo Rehder
FONTE: O Estado de S. Paulo

Brasil corre riscos, diz diretor do FMI

Aquecimento da economia poderá levar País à recessão e à crise financeira

O Brasil está no início de um processo “delicado” de inflação de demanda, de dependência de capital estrangeiro, de ampliação do déficit em conta corrente e de excessiva expansão de crédito. Não chegou ainda a acender a luz vermelha, admitiu Nicolas Eyzaguirre, diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o Hemisfério Ocidental e ex-ministro de Finanças do Chile.

Mas se não controlar esses fatores, motivados pelo superaquecimento da economia e pelos fluxos excessivos de capitais, o Brasil poderá mergulhar em recessão e em crise financeira. Sobretudo, se for exposto a um choque de petróleo e à alta inesperada de juros nos Estados Unidos.

“Nem o Brasil nem outros países da América Latina estão ainda em uma zona vermelha. A gestão da economia é melhor do que no passado. Mas nos preocupa o fato de a magnitude dos impulsos externos ser muito maior, afirmou Eyzaguirre, em entrevista ao Estado.

“Nunca tivemos dois a três anos seguidos de taxas de juros próximas a zero nos países industriais e, simultaneamente, preços recordes de commodities. Portanto, os riscos do superaquecimento são muito grandes.”

Os alertas de Eyzaguirre indicam a preocupação do FMI com os rumos da política econômica brasileira e de outros países da região, como a Argentina. O fato de o Brasil ter batido no teto de sua capacidade produtiva e caído na tentação do endividamento privado externo, trouxe especiais ameaças nos campos da inflação e da estabilidade de seu sistema financeiro.

Essas preocupações foram admitidas pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, em eventos paralelos à reunião de primavera do Fundo Monetário, na sexta-feira.

Eyzaguirre, entretanto, foi mais específico do que a autoridade monetária brasileira ao apontar os efeitos mais temíveis dessas duas ameaças. Conforme alertou, não há outra forma de controlar a inflação de demanda sem recessão.

Juros. Da mesma forma, uma elevação brusca de taxas de juros nos Estados Unidos poderá impactar de forma severa o sistema financeiro brasileiro, que se beneficiou da bonança dos fluxos externos de capitais para promover a expansão de créditos, se não houver ajustes o quanto antes.

“A crise dos anos 80 e dos Estados Unidos, em 2008, foi macroeconômica e financeira. Quando isso acontece, demora-se mais para sair da crise e para recuperar a economia”, advertiu o diretor do Fundo.

A atenção do FMI também está voltada ao manejo das áreas externa e fiscal brasileiras. O Fundo prevê déficit em conta corrente de 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Em 2012, o porcentual negativo será de 3,0% e, em 2016, subirá para 3,6%.

Ou seja, o balanço das trocas de bens e de serviços com o exterior começou a se deteriorar em um momento de preços recorde nas exportações. O risco apontado por Eyzaguirre é sério.

O aumento de preços do petróleo ou mesmo dos juros nos Estados Unidos certamente produzirá um “choque muito forte” – a queda acentuada e brusca dos preços das commodities exportadas pelo País ampliará o déficit externo e haverá escassez de moedas estrangeiras e fuga de capitais.

No caso das contas públicas, o FMI faz um mea-culpa de suas intervenções na política fiscal do Brasil e de outros países no passado. Mas não descarta seu “dever” de apontar os limites e os riscos.

O ajuste fiscal anunciado pela presidente Dilma Rousseff foi considerado bem vindo.

Porém, Eyzaguirre recomendou às autoridades vigilância sobre a capacidade de esse ajuste contribuir para um crescimento menos acelerado da economia.

Custeio. Com o cuidado de não recair em uma avaliação do aumento das despesas de custeio da máquina pública nos últimos anos, ponderou ser mais interessante cortes nessa área do que nos investimentos públicos.

“Grosso modo, o Brasil e a América Latina tiveram níveis de investimentos públicos menores do que nos países emergentes com dinâmica econômica sustentável nos últimos 30 anos, como os do Sudeste da Ásia”, afirmou o diretor do FMI. “O investimento público mais alto é algo desejável em períodos de crescimento maior. Se for viável, será preferível”, completou.

17/04/2011
Fonte: O Estado de São Paulo

O que a China fez e nós, não

A presidente Dilma Rousseff encerra sua viagem à China com resultados práticos, investimento em tecnologia, por exemplo, e promessas a confirmar. Sem dúvida, um ponto alto no qual ela insistiu e obteve muito, foi convencer empresas chinesas, como a ZTE, a investir mais US$ 200 milhões em telecomunicação no Brasil.

Outras virão, por que, disse ela, "temos uma combinação de crescimento acelerado, projeto estratégico de desenvolvimento, ciência, tecnologia, inovação e inclusão social."

Ela obteve o que podia, bem mais que Lula conseguiu na viagem de 2009. A China cresceu muito e passou a depender de matérias-primas e alimentos do Brasil.

Os chineses dão prioridade ao comércio com países que podem abastecê-lo com petróleo, alimento e minérios, mas não fazem concessões com produtos industrializados.

Nessa área, o que o Brasil obteve é uma promessa vaga.

"A parte chinesa manifestou disposição de incentivar suas empresas a ampliar a importação de produtos de maior valor agregado", diz o comunicado final.

Para atenuar as pressões, o governo enviará, em abril, ao Brasil, missão chefiada pelo ministro do Comércio para buscar oportunidades de compra.

Não vai dar. Eles podem até vir, mas se objetivo é esse, se limitarão a passear e voltar com mãos vazias porque produzem tudo a preços bem menores e não há muito a lhes oferecer que não tenham de melhor qualidade e a preços menores.

Estudos mostram um fato inusitado: mesmo que câmbio, juros e custos salariais fossem nivelados entre os dois países, ainda assim a indústria chinesa seria mais competitiva. Ela investiu em tecnologia, em inovação, importaram, copiaram e melhoraram. Os chineses mandaram milhares de estudantes para as universidades americanas e trouxeram professores de lá para ensinar na China!

São diferentes? Não. O governo agiu assim porque compreendeu que não havia mercado interno para sua produção. Cerca de 800 milhões viviam abaixo da linha da pobreza há alguns anos. Para crescer, precisava exportar e para exportar precisa ter qualidade e preço. Foi a ausência do mercado interno e a existência de padrões de vida miseráveis, que ainda predominam, que levaram a China a ser o que é hoje no mercado mundial. Um trabalho intensivo, persistente e bem orientado.

E nós? No Brasil, foi o oposto. Tinha um mercado interno em expansão graças à politica social dos últimos oito anos, que não existe na China. Nossos operários ganham mais, consomem mais e vivem melhor que os chineses.

A indústria nacional acomodou-se para atender a um mercado interno vigoroso, mas pouco exigente de produtos de qualidade internacional. Não investiu mais intensamente em produtividade, em inovação para competir no mercado internacional. Afinal, até pouco tempo, sem a competição externa provocada pelo real valorizado, estava tudo muito bem. Só agora reclamam. Mas nem todas, pois muitas empresas importam da China a preço baixo, montam e vendem aqui.

Entre janeiro e março a balança comercial do setor de média e alta tecnologia apresentou o pior déficit em 22 anos, US$ 17,7 bilhões, o dobro do registrado no mesmo trimestre de 2008 e 2009, informa o colega João Valverde, do Valor.

Tecnologia! É isso o que Dilma foi buscar na China. Conseguiu muito, não aquela baboseira da Foxconn. O Brasil tem urgência de criar centros de tecnologia. Dilma visitou a ZTE. Outras virão porque o Brasil tem a atração do mercado interno. Ao contrario da China, ele é a base de conquista do mercado internacional.

Seria só isso? É sim. Se quiserem, perguntem ao Obama, que assustado com a ascensão da China, disse que a nova meta do governo é investir e estimular maciços investimentos, com ofertas especiais de incentivos de toda ordem. E, olhem, eles não exportam apenas US$ 200 bilhões como nós, não. Exportam mais de US$ 2 trilhões. Tudo isso, mas estão com medo da China...E nós, não?

17/04/2011
Alberto Tamer - Alberto Tamer
FONTE: O Estado de S. Paulo

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Brasil já é o 20º maior importador mundial

Dados divulgados pela Organização Mundial do Comércio (OMC) mostraram que o Brasil foi o que teve a maior expansão de importações nos últimos cinco anos. Aproveitando o real valorizado e o crescimento do consumo doméstico, as compras externas fizeram com que o Brasil se tornasse o 20º maior importador do mundo. Pelo levantamento, a economia nacional mais do que dobrou o volume de importações, desde 2005.

11/04/2011
FONTE: Panorama Político e Econômico - Germano Rigotto

Governo quer identificar gargalos enfrentados por pequenos empresários na hora de exportar

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior quer ampliar a participação de micro e pequenas empresas (MPE) no mercado internacional. Atualmente, cerca de 20 mil empresas exportam bens e serviços. Há ainda 10 mil que exportam mercadorias. Essa atuação no comércio exterior somou cerca de R$ 2 bilhões no ano passado.



Para aumentar esse número, o órgão iniciou uma nova pesquisa para identificar os principais problemas enfrentados pelos empresários na hora de exportar bens e serviços. O levantamento, que vai até 30 de junho, pretende orientar as ações do governo na criação de políticas públicas que estimulem o aumento das exportações pelas MPE.



Essa é a segunda vez, que o MDIC tenta conhecer os gargalos às exportações de micro e pequenas empresas. No ano passado, o número insuficiente de respostas ao questionário enviado pelos empresários fez com que os técnicos preferissem não repassar os dados e reiniciar o processo.



Segundo o diretor do Departamento de Política de Comércio e Serviços do MDIC, Maurício do Val, com esse resultado será possível otimizar as ações governamentais. "As ações de políticas públicas serão focadas ao crédito de micro e pequenas empresas", comentou. Para ele, há situações que merecem atenção especial, entre elas, a dificuldade de exportar devido à falta de comunicação e acesso aos instrumentos de apoio que chegam de forma pouco eficiente e comprometem o interesse de exportação.



Na opinião do diretor do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Carlos Alberto Santos, ainda existe resistência por parte dos pequenos empreendedores que acreditam que a competição internacional é desleal. "Ainda é difícil pequenas empresas atuarem no comércio exterior, não é só câmbio. É preciso estabelecer marca, é um processo a longo prazo, que muitas vezes desestimulam os pequenos empreendedores", disse.



Além disse, segundo Santos, os micro e pequenos empresários aproveitam o momento favorável à economia interna. "Vivemos um momento interessante na economia. O mercado interno está muito aquecido. Não precisamos mais ir à China brigar por mercado, os chineses vêm até aqui brigar por espaço. Também nos ?armamos? para disputar o mercado aqui também", endossou.



De acordo com o diretor do Departamento de Política de Comércio e Serviços do MDIC, o governo está preparado para atender às necessidades das micro e pequenas empresas com interesse no comércio internacional. "A intenção é que pequenas empresas se interessem e participem de exportações brasileiras e ganhem robustez para crescer no mercado interno e aumentar participação no mercado externo, porque se bem sucedidas logo se tornam empresas de porte médio", analisou.



Os micro e pequenos empresários que tenham interesse em aumentar a participação ou ingressar no comércio exterior podem procurar as unidades do Sebrae. Mais informações pelo telefone 0800 570 0800. A pesquisa do ministério está disponível no site http://tinyurl.com/gargalos.

10/4/2011
Fonte: Agência Brasil

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Exportações gaúchas crescem 39,4% no trimestre

Desempenho até março leva Estado a recuperar posto de quarto maior exportador.

O desempenho das exportações gaúchas no primeiro trimestre de 2011 levou o Rio Grande do Sul a retomar o posto de quarto maior exportador do Brasil. As vendas ao mercado externo cresceram 39,4% em relação ao mesmo período de 2010 – com volume e preços 20% e 16,2% maiores, respectivamente -, acumulando US$ 3,8 bilhões, segundo dados divulgados pela Fundação de Economia e Estatística (FEE) nesta quinta-feira. Em março, o montante exportado somou US$ 1,5 bilhão, resultando numa participação de 7,84% entre todas as exportações do País.

De acordo com supervisora do Centro de Informações Estatísticas da FEE Cecília Hoff, o resultado é favorável, levando em conta que o mesmo período de 2010 trazia números distorcidos em função da crise financeira que impactou as exportações no ano anterior. Entre os maiores propulsores desse movimento, a supervisora destaca a indústria de transformação, com crescimento de 30,1% e da agropecuária (374,9%). “Essa taxa de 30,1% da indústria é mais relevante que os 374,9% da agricultura, já que a primeira representa cerca de 93% das exportações”, afirma.

As máquinas e equipamentos, principalmente agrícolas, além de autopeças foram alguns dos responsáveis por essa elevação na indústria. Alimentos e bebidas também tiveram desempenho positivo, crescendo 45,4% no trimestre e 67,4% em valor em março, na comparação com igual mês de 2010.

O resultado da agropecuária se deve principalmente à safra de trigo, que somente no primeiro trimestre de 2011 comercializou mais do que em todo o ano passado. Ao todo, o produto rendeu US$ 286,4 milhões neste primeiro trimestre, US$ 140,8 só em março. “O trigo é o grande destaque deste trimestre”, salienta Cecília, ponderando que nos próximos meses as vendas do trigo devem ficar aquém dos dados atuais, sendo compensadas por outros itens, como a soja, que ainda não teve seu ponto alto de transações no ano, comercializando US$ 58,3 milhões em março.

Já o fumo, que passou por desempenho negativo no ano passado, observou crescimento de 16% no primeiro trimestre, com queda de 2,5% em volume, porém, expansão de 18,9% em preços. Na comparação entre meses, o produto cresceu 32,7 em março de 2011 sobre março de 2010, apontando para recuperação do setor. As vendas de calçados são as que passam pelo pior momento, com queda de 15,7% no trimestre, sendo 21,7% em volume e 7,6% em preços. Em março, foram negociados US$ 60,5 milhões contra US$ 69,7 em março de 2010.

Entre os destinos dos produtos gaúchos, destacam-se a Argélia e Egito, com forte comercialização de trigo no trimestre. A Bélgica, cliente do fumo produzido no Estado, rendeu crescimento de 250,1% na aquisição do produto. Com expectativa na venda da soja nos próximos meses, a China deve ganhar participação e ficar no topo dos maiores compradores, posto alcançado pela Argentina no trimestre, que, com a venda de máquinas e equipamentos, negociou US$ 440,7 milhões com o Rio Grande do Sul.

Para o ano, Cecília prevê um bom desempenho do Estado, com a promissora safra de soja esperada para os próximos meses. “Talvez não sustente uma taxa de crescimento de 40%, mas as perspectivas para o ano são muito boas”, sintetiza a supervisora.

08/04/2011
Fonte: Jornal do Comércio

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Justiça fecha quatro companhias em Manaus

A Justiça Federal determinou o fechamento de quatro empresas acusadas de fraudar os incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus.

Segundo a investigação, as empresas importavam produtos acabados, como TVs e aparelhos de som, e os comercializavam como se fossem fabricados no polo industrial do Amazonas.

Assim, garantiam a isenção de tributos como o Imposto de Importação e o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).

Os réus terão que ressarcir tributos sonegados, em valores não divulgados.

Uma das condenadas é a DM Eletrônica, principal fornecedora do grupo CCE. Também foram alvos a Santel Tecnologia em Comunicação, a Bahia South Indústria da Amazônia e a BMA Indústria e Comércio.

Elas terão que pagar R$ 3,1 milhões de reparação de danos morais coletivos. Segundo a Justiça, o dinheiro será revertido em projetos para os trabalhadores. Cabe recurso.

Essa é a primeira decisão de dez processos que tramitam na Justiça sobre o caso, que foi descoberto em 2002. Duas ações penais acusam os sócios das empresas de crimes de lavagem de dinheiro, contrabando, sonegação fiscal e uso de documento falso. A Receita Federal apreendeu como contrabando R$ 47,2 milhões em mercadorias importadas pelas empresas.

Um dos sócios da DM Eletrônica é o presidente do grupo CCE, Issac Sverner. Seu advogado, Rafael Tucherman, disse que o empresário teve o nome excluído de uma ação penal por meio de um habeas corpus, em 2006, concedido pelo Superior Tribunal de Justiça.

Tuchermandiz que Sverner é apenas um "sócio capitalista" da DM e que não participou das decisões gerenciais da empresa. "É uma acusação exagerada."

A defesa da empresa BMA disse que a indústria nega os crimes e que vai recorrer.

Até a noite de ontem, a reportagem não havia localizado os representantes das empresas Santel e Bahia South Indústria.

A direção da Zona Franca diz que cancelou projetos das quatro empresas acusadas.

06/04/2011
FONTE: Valor Econômico

Brasil aplica tarifa para viscose da China e solvente dos EUA

A malha de viscose importada da China e um tipo de solvente usado na produção de tintas e vernizes comprado dos Estados Unidos pagarão mais para entrar no Brasil. O Comitê Executivo da Câmara de Comércio Exterior (Gecex) aprovou a aplicação de direitos antidumping para esses dois produtos.

As alíquotas antidumping são aplicadas quando o governo entende que um produto entra no país com preço abaixo do preço de custo, o que caracteriza concorrência desleal. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a prática de dumping estava provocando danos à indústria nacional dos dois produtos.

No caso da malha de viscose, o tecido pagará uma alíquota fixa adicional de US$ 4,10 por quilo para entrar no país. A tarifa antidumping valerá por cinco anos. Usada na produção de roupas femininas, a malha de viscose já tem Imposto de Importação de 26%.

Para o solvente, chamado n-butanol, a alíquota extra variará de US$ 125,74 a US$ 244,91 por tonelada, conforme o fabricante do produto, pelos próximos seis meses. Atualmente, o solvente paga Imposto de Importação de 12%. O produto é usado na produção de plastificantes, tintas, vernizes, perfumes e de insumos para detergentes e antibióticos.

06/04/2011
Fonte: Jornal do Comercio

CHINA AVANÇA EM NOVOS SETORES E DESTRÓI EMPREGOS

SETORES DE PRODUÇÃO PADRONIZADA DEMITEM E IMPORTAM DA CHINA

Empresas brasileiras que fabricam produtos manufaturados mais simples e padronizados enfrentam grandes dificuldades com a concorrência chinesa. Nos setores de válvulas industriais, elevadores e ferramentas, quem produz bens de baixo valor agregado tem sido duramente atingido pela competição asiática. Para reagir, muitos passaram a importar o que antes fabricavam ou compravam de outras empresas no país, um movimento que provoca demissões. O dólar barato (fechou ontem a R$ 1,609), a carga tributária, os juros altos e o custo da mão de obra atrapalham a vida desses setores, dizem empresários.

Dos 72 associados da câmara setorial de válvulas industriais da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), 80% já importam 100% do que vendem. Em 2005, essa fatia era de 40% a 50%, diz Pedro Lucio, presidente da câmara. Segundo ele, são empresas que atuam no segmento de "válvulas-commodities" - uma referência a produtos padronizados. O produto chinês, nesse caso, é 60% mais barato que o brasileiro. Com 13 mil trabalhadores em 2008, o setor emprega hoje cerca de 7 mil pessoas, estima Lucio.



A feroz concorrência chinesa no mercado brasileiro causa grandes estragos a empresas que produzem bens manufaturados com características de "commodities". Em segmentos como válvulas industriais, elevadores e ferramentas, os produtos mais simples e padronizados têm sido duramente atingidos pela competição asiática. Para sobreviver, muitas companhias passam a importar o que antes produziam ou compravam de outras empresas no país, reduzindo o número de empregados. O câmbio valorizado, o peso dos impostos e o alto custo do capital e da mão de obra complicam a vida desses setores, dizem empresários.

Presidente da câmara setorial de válvulas industriais da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Pedro Lucio diz que, dos 72 associados, 80% já importam 100% do que vendem. Em 2005, esse percentual era de 40% a 50%. Segundo ele, são empresas que atuam no segmento de "válvulas-commodities", uma referência a produtos padronizados e com baixo valor agregado. Nesse segmento, o produto chinês é 60% mais barato que o brasileiro. "Com essa diferença de preços, as empresas brasileiras não conseguem concorrer." O setor, que tinha cerca de 13 mil empregos em 2008, emprega hoje cerca de 7 mil pessoas, segundo suas estimativas.

Lucio diz que ainda é viável produzir aqui válvulas com maior diferenciação. É o caso dos produtos fabricados por sua empresa, a RTS, que faz as chamadas válvulas borboleta. No entanto, para manter a competitividade, Lucio importa, desde o ano passado, um componente da China, o que lhe permitiu reduzir o preço final do produto de 20% a 30%. A parte de sua produção vendida para a Petrobras, porém, não leva essa peça, para garantir o índice de nacionalização exigido, de 90%.

O empresário relata que, mesmo com a redução de preços obtida com o componente chinês, conseguiu apenas manter o faturamento de 2010 no nível do de 2009, que ficou 40% abaixo do de 2008, por conta dos efeitos da crise. Lucio diz que demitiu 70 de seus 180 funcionários em 2009, mantendo desde então um quadro de 110 empregados. O empresário se queixa do custo dos insumos - "o quilo do aço inoxidável, que no Brasil sai por R$ 34, custa US$ 3 [pouco menos que R$ 5] na China" - e também do aumento dos custos salariais - em 2010, o reajuste dos trabalhadores da categoria foi de 9,52%. Com o câmbio valorizado e a carga tributária, fica difícil competir com os produtos, especialmente os chineses, diz ele.

A situação também é bastante complicada para os fabricantes de elevadores, diz Jomar Cardoso, presidente do Sindicato das Empresas de Elevadores de São Paulo (Seciesp). Segundo ele, 50% do que é vendido por aqui vem do exterior. "Em 2005, esse percentual ficava em 20% a 30%", afirma, observando que há muitos componentes importados. "Em cinco anos, não haverá mais indústria brasileira de elevadores", diz Cardoso, presidente da Elevadores Villarta.

Como no caso das válvulas industriais, Cardoso diz que os produtos chineses são extremamente competitivos no caso dos elevadores padronizados. Segundo ele, saem pela metade do preço de um fabricado por aqui, contando ainda com uma melhora expressiva de qualidade nos últimos anos.

A competitividade do produto brasileiro é maior em elevadores especiais. A Villarta faz hoje um de 10 toneladas para a Anglo American. A empresa, porém, também compra produtos mais padronizados da China, o equivalente hoje a 30% de suas vendas. "Em 2005, eu não importava quase nada. Em 2009, esse percentual já era de 20%. No fim deste ano, pode chegar a 50%." Cardoso diz que a sua empresa conseguiu aumentar o faturamento em cerca de 20% em 2010, esperando crescer mais 15% neste ano, pelo menos. Hoje, a Villarta tem 55 funcionários, 30 a mais do que tinha em 2005. "Mas eu poderia ter o dobro se fabricasse tudo aqui", afirma ele, para quem a indústria local deixou de aproveitar as oportunidades geradas pelo boom do mercado imobiliário.

"Dos 25 mil empregos que o setor gerava há cerca de 13 anos, hoje restam pouco mais de 10 mil vagas", lamenta ele, apontando os pesados encargos trabalhistas e o câmbio valorizado no Brasil como dois dos grandes responsáveis pela falta de competitividade do produto brasileiro em relação ao chinês, que se beneficia também da enorme escala de produção.

Procuradas, as três maiores empresas do setor, as multinacionais Atlas Schindler, Otis e ThyssenKrupp, não se pronunciaram sobre importações. A Otis informou que "os dados não podem ser divulgados por questões estratégicas da empresa". A ThyssenKrupp foi na mesma linha, dizendo que não "divulga informações de cunho estratégico". A Atlas Schindler afirmou não fornecer dados sobre importações e exportações.

A concorrência chinesa também atinge as empresas filiadas ao Sindicato da Indústria de Artefatos de Ferro, Metais e Ferramentas em Geral no Estado de São Paulo (Sinafer), diz o presidente da entidade, Milton Rezende. Segundo ele, no caso de ferramentas simples, como martelo, chave de fenda e alicate, o custo do produto chinês pode ser de 50% a 70% mais baixo.

Também estão sofrendo muito as empresas que faziam a usinagem de peças para outros setores da indústria, como a automobilística e a de eletrodomésticos, afirma Rezende. As empresas desses segmentos, diz ele, passaram a importar boa parte dos componentes, diminuindo muito as encomendas no mercado interno.

Segundo Rezende, há casos de ferramentas de primeira linha fabricadas em países desenvolvidos, como EUA, Japão e Europa e 25% a 40% mais baratos que as produzidas no Brasil. Ele estima que 30% dos produtos vendidos hoje do setor são importados, dos quais dois terços devem vir da China. Há três anos, o percentual de bens vindos de fora não chegava a 10%, afirma Rezende, destacando o impacto negativo sobre o emprego. O segmento, que em 2008 empregava 282 mil trabalhadores no país todo, terminou 2010 com 265 mil. Também no setor a competitividade brasileira é maior em produtos um pouco mais diferenciados, como ferramentas de alta precisão.

Para Rezende e Cardoso, a situação de seus segmentos evidencia o processo de desindustrialização, com o avanço dos produtos estrangeiros, principalmente asiáticos, ganhando mais espaço e, com isso, reduzindo o nível de emprego.

05/04/2011
Autor(es): Sergio Lamucci | De São Paulo
Fonte: Valor Econômico

terça-feira, 5 de abril de 2011

A produção brasileira marcha para o exterior

Encerrei há um mês minha coluna dizendo que é possível que em alguns semestres a inflação brasileira caminhe para o centro da meta (4.5%). Entretanto, isto só acontecerá se for precedida por uma política monetária e fiscal mais robusta, e ainda assim o tempo para convergência será mais longo do que o admitido pelas autoridades.

Entretanto, imaginemos que a convergência ocorra em algum momento. Aí então a economia poderá crescer mais de 6% ao ano, sem desequilíbrios, certo?

Errado, a meu ver. O Brasil não consegue crescer mais que 4-4.5% sem gerar desequilíbrios como a alta da inflação, como já ocorreu em 2004, em 2008 e tal como agora. Além do baixo nível de poupança, decorrente mais do que tudo do excessivo gasto corrente do governo, o sistema de produção, e especialmente a indústria, está perdendo firme e rapidamente sua capacidade competitiva, por crescentes pressões de custo que só parecem piorar com o tempo. O Brasil se transformou num país caro e difícil para se produzir, especialmente quando medido em dólar. A pesquisa Doing Business do Banco Mundial mostra as crescentes dificuldades de se produzir no Brasil.

Já mencionei neste espaço mais de uma vez as principais razões da perda sistêmica de competitividade, exposta pelo real valorizado. Os custos sobem em virtude de:

1- uma contínua elevação da carga tributária, fortemente baseada em impostos indiretos. A maior parte dos setores paga algo da ordem de 40% do valor adicionado, chegando mesmo a 40% do preço final do bem. O sistema não é de valor adicionado e os créditos de impostos não são recuperados; a guerra fiscal entre estados gera distorções e custos malucos; mesmo impostos regulatórios, como os de comércio exterior e o IOF, acabam por ser geradores de receita; os custos parafiscais são enormes.

2- gastamos em logística mais que nossos principais competidores (pelo menos 50%), para serviços medíocres.

3- os custos de energia não param de subir. Morro de rir quando autoridades falam de modicidade tarifária. Nossa indústria tem uma das energias mais caras do mundo e vai subir ainda mais, tanto pela elevação dos adicionais à tarifa (CCC, RGR), quanto pela crescente importância da energia térmica, muito mais cara.

4- a oferta de mão de obra secou, os custos estão explodindo e vão subir ainda mais, pois a demanda anda muito adiante da formação de pessoal. Calculamos na MB que o salário real inicial (Caged), acumulado nos últimos 12 meses até janeiro de 2011, subiu quase 11% no comércio, 6,6% na indústria e 6% na construção civil.

5- a regulação no Brasil é, em geral, excessivamente detalhista, causa muitas vezes custos desnecessários para as empresas e se altera com frequência, inclusive modificando contratos em vigor. Também estamos longe de conciliar a construção de novos projetos e a defesa do meio ambiente. Isto vale para as três esferas de governo.

6- o setor público vem perdendo eficiência, por seu gigantismo, pelo aparelhamento e excesso de patriotismo da direção das organizações. Cito três problemas visíveis a olho nu: Correios, Infraero e Eletrobrás. Esta última empresa ambiciona ser a Petrobrás do setor elétrico, o que seria risível se não fosse trágico, dada sua baixa geração de caixa e a má qualidade dos investimentos.

7- finalmente, o real está claramente valorizado.

A elevação dos custos, decorrentes dos fatores acima mencionados, poderia ser superada com um conjunto de reformas de alguma envergadura. Nada mais distante da realidade, antes de tudo porque o gigantismo do estado, a ampliação do contingente de funcionários, a criação de novas empresas, a má qualidade da gestão e outras coisas mais não são casuais. Ao contrário, resultam da visão de mundo e da forma de operar da coalizão que detém o poder. Gasto é poder e isto exige dinheiro, o que nos leva aos crescentes impostos.

Como resultado deste processo, a produção de bens no Brasil (agricultura e indústria) rachou em dois pedaços, e ambos procuram o exterior. De um lado temos as cadeias de recursos naturais (agronegócio, minérios e metais, petróleo), setores tornados competitivos pela sistemática aplicação de tecnologia na produção e pela forte demanda internacional, atual e futura, por alimentos e energia. Estes setores crescem muito baseado nas exportações, onde as altas cotações compensam os custos brasileiros. Entretanto, mesmo aqui se notam dificuldades: por exemplo, não existe nenhum projeto novo de alumínio viável no Brasil, dado o elevado custo da energia elétrica. O país vai produzir e exportar bauxita e alumina, e nada mais. O mesmo acontece com outros metais.

O remanescente da indústria, como se sabe, vem perdendo a competição internacional e é cada vez mais espremida no mercado local pelas importações mais baratas. A saída clássica para situações como esta passa por inovações, maior produtividade e menores custos. Ora, os estudos mostram que, com poucas exceções, nossa indústria não é particularmente inovadora e sua produtividade total não vem crescendo muito. Logo, só existe uma solução para se manter competitivo: elevar as importações, e não brigar contra elas. Partes, peças, conjuntos, matérias primas e até produtos finais passaram a vir do exterior. Minha percepção, corroborada por executivos da área de crédito e por industriais, é que este processo ganhou enorme vigor no ano passado e está apenas no começo. É por isto que a produção industrial não cresce; o que cresce mesmo são as importações.

Existe mesmo uma versão radical do descrito acima: conheço vários casos onde se estuda e investe em novos destinos (Uruguai, Paraguai, Peru, Colômbia, Caribe, México e outros), uma vez que países como Argentina e China se mostram muito difíceis de operar. Nestes novos locais atraem os impostos, a energia e o custo da mão de obra mais baixos. A produção visa atender o mercado mundial, inclusive o Brasil.

Em resumo, a produção de bens caminha para o exterior: nos setores competitivos o coeficiente de exportações vai seguir crescendo (o que é bom); nos setores menos competitivos o coeficiente de importações vai seguir crescendo (o que não necessariamente é bom).

Existe também outro movimento: muitos empresários estão migrando da indústria para a área de serviços. Esta não tem, em geral, concorrentes importados baratos (o turismo é uma das exceções) e é menos regulado. O próprio IPCA mostra esta dinâmica: bens de consumo duráveis têm quedas absolutas de preços enquanto os serviços caminham para crescer mais de 9% neste ano.

Finalmente, não se muda isto em pouco tempo. Reformas pontuais pouco alteram o conjunto, menos ainda a escolha de campeões nacionais. Como mostra o caso do recente crescimento alemão, a recuperação da competitividade resulta de um esforço nacional.

Para a indústria o ambiente vai piorar antes de melhorar; para as commodities e serviços as oportunidades compensam as ineficiências. O resultado é um crescimento de 4,0%.

04/04/2011
Fonte: O Estado de São Paulo

Ainda falta ao Brasil estratégia para China

Enquanto o planejamento no Brasil sofre pela desmoralização dos projetos não cumpridos, prioridades distorcidas e descontinuidade administrativa, na China ele é fonte confiável de avaliação dos rumos do país, que acaba de concluir seu plano para o período que vai deste ano até 2015. É com base nesse plano quinquenal, divulgado na imprensa chinesa e votado na Assembleia Popular Nacional, que a China estabelece suas prioridades, alianças, acordos. No Brasil, o evidente interesse pela China, é guiado por planos vagos, ou desconectados.

Logo após eleita, quando se falava em certos gabinetes do Palácio do Planalto em uma "reaproximação" com os Estados Unidos, a presidente Dilma Rousseff fez saber a seus auxiliares que só imaginava uma viagem aos EUA acompanhada de outra para a China - uma maneira de sinalizar o interesse brasileiro em explorar igualmente as possibilidades dos dois polos de poder mundial, a potência hegemônica e a principal emergente. Dilma também indicou que os temas ciência e tecnologia estarão entre os principais eixos da conexão chinesa, ainda que não seja claro, ainda, o que isso significa.

Quem quiser saber o que o governo brasileiro quer da China terá de peregrinar por diversos gabinetes além do óbvio Itamaraty; do Ministério de Ciência e Tecnologia ao do Desenvolvimento, da Agência de Promoção de Exportações (Apex) à Agência Espacial Brasileira (AEB). Antes tema prioritário da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), nas gestões de Mangabeira Unger e Samuel Pinheiro Guimarães, a China é hoje assunto de encontros protocolares por lá.

Como apontou o então ministro de Relações Exteriores Celso Amorim, pouco antes de deixar o governo, faltou ao país uma estratégia para a China. Ainda falta. Existem ações fragmentadas por diversas áreas do governo, reunidas agora em uma agenda comum para a visita presidencial ao país.

A falta de uma estratégia voltada aos chineses não ocorre por falta de inteligência. Com apoio da embaixada brasileira em Pequim e dos consulados do país na China, tanto o Departamento de Promoção Comercial quanto a Apex desenvolveram programas para explorar nichos de maior valor agregado no crescente mercado chinês; no campo científico, especialmente no programa espacial, há contato permanente, ainda que dificuldades orçamentárias e tecnológicas tenham criado tropeços na cooperação bilateral. Uma estratégia para a China, porém, é mais que cooperação entre universidades e a busca de nichos de mercado nos quais o país possa aproveitar vantagens competitivas existentes.

No campo acadêmico, além da ebulição de estudos e seminários sobre China em centros privados, o país começa a ter diplomatas com conhecimento mais profundo sobre o gigante asiático, como Oswaldo Biato Júnior, autor de um livro essencial, A Parceria Estratégia Sino-Brasileira, Origens, Evolução e Perspectivas (1993-2006)", da Fundação Alexandre Gusmão, por resumir magistralmente em 437 páginas (nada é pequeno quando relativo à China) a história recente das relações bilaterais.

No livro, o ex-embaixador chinês no Brasil, Gao Kexiang critica os empresários brasileiros porque, diferentemente dos empreendedores de outros países, relutam em "sair debaixo da saia do governo", após receberem um empurrão governamental para entrar no mercado chinês.

A falta de empenho do setor privado é real, embora também haja casos como o da Marcopolo, fabricante de carrocerias, que há anos se debate com a burocracia chinesa para instalar uma fábrica no país (e que, comenta-se no governo, descobriu estupefata uma de suas amostras de produto desmontada, sob análise de vários técnicos chineses, durante visita surpresa ao galpão onde estavam armazenadas as carrocerias enviadas como modelo).

A China, em seu plano plurianual, sabe o que quer do Brasil: matérias primas para se desenvolver. E tem criado iniciativas de comércio, investimento em infraestrutura e até apoio financeiro, como o empréstimo concedido à Petrobras. O Brasil quer efetuar vendas de maior valor agregado à China. Mas, descontados heroicos esforços de promoção comercial, não tem um plano abrangente para chegar lá.

O economista Antônio Barros de Castro, hoje consultor do Conselho Empresarial Brasil-China, vem advertindo para a necessidade de planejar a relação do Brasil com os chineses levando em conta as enormes mudanças no cenário econômico mundial provocadas pela emergência da Ásia como grande centro integrado de produção manufatureira, centro de migração rural para os centros urbanos e crescente consumidor de matérias-primas. Nesse cenário, o Brasil, como grande produtor de commodities (ferro, soja, petróleo) tende a se dividir (e já vem se dividindo) em duas metades, uma beneficiária da emergência chinesa - asiática, na verdade - e outra ameaçada pela mudança de preços, pela inevitável valorização do câmbio e pela extraordinária eficiência da competição oriental.

Nesse cenário, previne Castro, o Brasil deveria aproveitar sua receita de commodities para financiar uma transição industrial, voltada a produtos e processos dinâmicos, de alta tecnologia, capazes de se integrar competitivamente às cadeias produtivas asiáticas. "O Brasil tem de levar propostas para os próximos dez, quinze anos", defende o economista. "Quanto mais profundo for o estudo e maior o prazo para essas propostas, maior a receptividade dos chineses", diz, baseado no que acompanhou, na China, do processo de aprovação do último plano quinquenal chinês.

Não consta, infelizmente, que Dilma Rousseff esteja levando algo tão elaborado na bagagem para Pequim.

Sergio Leo é repórter especial e escreve às segundas-feiras

04/04/2011
Fonte: Valor Econômico

Brasil reforça fiscalização para impedir entrada de produtos japoneses contaminados por radiação

Brasília – A partir de hoje (4), o governo federal inicia o monitoramento de alimentos vindos do Japão, para prevenir a entrada, no Brasil, de produtos contaminados por radiação. Os fiscais da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Agricultura irão coletar amostras das cargas de alimentos para checar se o nível de radiação está dentro dos padrões aceitos internacionalmente. O material coletado será analisado pelos institutos da Radioproteção e Dosimetria (IRD) e de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), ambos ligados à Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen).

Os alimentos que apresentarem nível radioativo acima do limite tolerado serão descartados ou devolvidos ao Japão, de acordo com a Anvisa. Os importadores brasileiros terão ainda de apresentar, no desembarque no Brasil, um certificado comprovando que a carga foi examinada e liberada pelas autoridades sanitárias japonesas.

Os fiscais também vão intensificar a fiscalização de bagagens dos passageiros vindos do Japão. Avisos sonoros nos aviões e aeroportos irão alertar os passageiros sobre a proibição de ingressar no Brasil com alimentos originários de outros países.

Para a Anvisa, a possibilidade de um alimento contaminado entrar no Brasil é pequena, pois é reduzido o volume de importação de alimentos japoneses. A maior parte é massa semipronta para panificação e pastelaria, chás e algas. A previsão é que os próximos carregamentos vindos do Japão cheguem ao Brasil na próxima semana, segundo fiscais agropecuários.

Edição: Vinicius Doria

Anvisa CNEN Economia IRD Internacional Ipen Meio Ambiente Saúde alimentos importação japão radiação
» Leia também:
Brasil está preparado para evitar contaminação radioativa em aeroportos, afirma diretor da Cnen

04/04/2011
Fonte: Agencia Brasil

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Balança comercial tem superávit de US$ 3,173 bilhões no primeiro trimestre de 2011

No primeiro trimestre de 2011, o superávit da balança comercial chega a US$ 3,173 bilhões (média diária de US$ 51,2 milhões). O resultado é 253,9% maior que o verificado no mesmo período do ano passado (média diária de US$ 14,5 milhões). Nos 62 dias úteis de 2011, a corrente de comércio somou US$ 99,293 bilhões (média diária de US$ 1,601 bilhão), com aumento de 25,9% sobre a média do mesmo período do ano passado (US$ 1,271 bilhão).

Os números foram divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). De acordo com o resultado, no acumulado do ano, as exportações alcançaram US$ 51,233 bilhões (média diária de US$ 826,3 milhões), 28,5% acima do verificado no mesmo período de 2010, que teve média diária de US$ 643,1 milhões.

Enquanto isso, no primeiro trimestre o acumulado das importações também está 23,3% maior em relação ao ano passado (média diária de US$ 628,7 milhões). Entre janeiro e março deste ano, as importações chegam a US$ 48,060 bilhões (média diária de US$ 775,2 milhões).

No mês passado – com 21 dias úteis – houve o registro de superávit de US$ 1,552 bilhão na balança comercial, com média diária de US$ 73,9 milhões por dia útil. No comparativo com as médias de outros meses, o valor é 152,6% maior que o registrado em março de 2010 (US$ 29,3 milhões) e 23,3% superior ao de fevereiro último (US$ 60 milhões).

A corrente de comércio (soma das exportações e importações) foi de US$ 37,020 bilhões, com média diária de US$ 1,762 bilhão. Houve crescimento de 31,7% em relação à média de março de 2010 (US$ 1,338 bilhão) e aumento de 9,3% na comparação com fevereiro último (média de US$ 1,613 bilhão).

As vendas brasileiras ao mercado externo foram de US$ 19,286 bilhões (média diária de US$ 918,4 milhões). Por este comparativo, o número é 34,3% superior à média de US$ 683,8 milhões do mês de março de 2010 e está 9,8% acima da media de fevereiro deste ano (US$ 836,7 milhões)

As aquisições no exterior foram de US$ 17,734 bilhões (média de US$ 844,5 milhões). A média é 29% maior que a de março do ano passado (US$ 654,6 milhões). Já na comparação com o resultado médio de fevereiro de 2011 (US$ 776,7 milhões), os gastos no mercado externo também registraram aumento de 8,7%.

01/04/2011
Fonte: Blog do Planalto

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Brasil quer exportar moda, alimentos e energia para a China

Moda, equipamentos de infra-estrutura, energia, alimentos e tecnologia serão os setores prioritários no esforço de encontrar compradores na China para produtos brasileiros de maior valor agregado, informou ontem o diretor do Departamento de Promoção Comercial do Ministério de Relações Exteriores, Norton Rapesta. A Agência de Promoção de Exportações (Apex), segundo o coordenador de Acesso a Mercados, Ricardo Santana, também promoverá seminários com potenciais clientes para exportadores de calçados, componentes de calçados e joias, e alimentos, como carnes, frutas, café, laticínios, mel e vinho.

Os alvos foram identificados em pesquisas de mercado e passarão a orientar ações de apoio governamental, informaram autoridades brasileiras em seminário promovido pelo Itamaraty para detalhar as relações econômico-comerciais entre Brasil e China, às vésperas da viagem da presidente Dilma Rousseff ao país. O governo, após quase sete anos de tentativas de entrar no mercado chinês, com participação em 52 seminários, ações em feiras importantes, como a de Xangai e iniciativas setoriais, ainda encontra dificuldades de aproveitar o boom de importações na China.

"Nosso desafio é colocar mais produtos de alto valor agregado em nossas exportações da China, temos problema cambial", reconheceu a subsecretária-geral de Política do Ministério de Relações Exteriores, Edileuza Reis, que disse ver condições, porém, de buscar oportunidades de negócio no país. "Temos mecanismos para evitar que temas pontuais, circunstanciais, acabem contaminando a agenda, que é de longo prazo, com enormes possibilidades", disse. Além do câmbio, a distância da China e a atratividade de outros mercados, como o próprio mercado interno do Brasil, contribuem para desencorajar os empresários, admite o Itamaraty.

Para Rapesta, as missões diplomáticas abrem caminho para quando as empresas "passarem a conhecer melhor a China e os gargalos de logística forem suplantados". Ricardo Santana deu o exemplo dos exportadores de café, que, após anos namorando o mercado chinês, começaram a explorar a demanda do setor hoteleiro e restaurantes, por onde pretendem atrair o consumidor chinês.

O governo chinês está muito receptivo a propostas para aumentar a qualidade das exportações brasileiras ao país, afirmou o ex-presidente do BNDES, Antônio Barros de Castro, consultor do Conselho Empresarial Brasil-China. Um problema, porém, é ter uma indústria equipada para responder a essa oportunidade, acredita. "Uma série de indústrias brasileiras está nos "trinques", pronta para competir com os Estados Unidos ou a Europa, só que o mundo é outro."

Para Barros de Castro, os países que não buscaram produtos de ponta, como os Estados Unidos, ou se ajustaram à cadeia produtiva da indústria chinesa, estão "num mundo que não existe mais, e não é por paliativos que se vai consertar isso". Se paliativos, como a defesa comercial, forem usados para transformar a indústria, eles terão utilidade, caso contrário, serão "ilusão", preveniu.

31/03/2011
Autor(es): Sergio Leo | De Brasília
Fonte: Valor Econômico

Vendas até US$ 50 mil são facilitadas

A logística de entrega de um produto é um item essencial para o sucesso do exportador. Como as pequenas empresas têm uma estrutura menor, exportar diretamente exige a procura de um serviço especializado que possa fazer toda a operação de recebimento e entrega do produto ou a formação de consórcios e cooperativas.
"Existe até legislação própria, que facilita o envio de pequenas encomendas, sejam por correio ou pelos chamados courier", afirma Ignacio Fraga, diretor comercial e de operações da Tradeworks. Para volumes de até US$ 50 mil, a micro e pequena empresa tem à sua disposição a exportação via Declarações Simplificadas de Exportação (DSEs), em que se elimina muita burocracia e a venda é feita quase diretamente. Nessa faixa, a entrega do produto pode ser contratada por telefone ou pela internet.

A DHL tem buscado reforçar sua posição no segmento de pequenas e médias empresas, que movimenta US$ 15 milhões em média por ano no Brasil e é considerado bastante promissor. "Elas representam 65% dos clientes da DHL Express, entre micro, pequenas e médias empresas, e são responsáveis por uma parcela significativa das exportações, que aumentaram cerca de 10% nos últimos anos para a América Latina. E também das importações, com aumento de cerca de 35% nos últimos anos", diz Juliana Vasconcelos, diretora de marketing da DHL Express Brasil.

Os Correios também estão de olho no segmento. O principal produto oferecido é o "Exporta Fácil", pelo qual o empreendedor pode usar uma das oito mil agências espalhadas pelo país para exportar até US$ 50 mil por pacote. "Várias informações sobre o serviço, como o preenchimento do cadastro, podem ser feitas pela internet, assim como existe a opção de coleta do produto no local desejado", diz Ana Rosa Atique, representante institucional de comércio exterior dos Correios.

Ano passado, as exportações pelo sistema aumentaram 8,37% em relação a 2009. A maioria dos produtos embarcados é formada por joias, roupas, máquinas, obras de couro e de madeira. Foram 119 países os destinos.

31/03/2011
Fonte: Valor Econômico

Anvisa proíbe uso, comercialização e importação do emagrecedor Dietrine

Remédio, fabricado por empresa desconhecida, nunca teve registro

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu a fabricação, a importação, a distribuição e o uso do emagrecedor Dietrine, que nunca teve registro junto ao órgão. O emagrecedor, segundo a Anvisa, é fabricado e importado por empresa desconhecida. A determinação foi publicada ontem, no Diário Oficial da União.

Para que um produto seja registrado como medicamento, é preciso que a Anvisa o aprove em relação à eficácia e à segurança. Não se sabe desde quando o Dietrine está sendo vendido no Brasil, e acredita-se que entre no país por meio de contrabando.
- Na realidade, esse medicamento não existe do ponto de vista médico, nunca existiu nas farmácias - explica Airton Golbert, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia:

- Não é uma medicação que tenha estudos clínicos.

Anvisa discute proibição de outros remédios

Segundo Golbert, produtos como Dietrine encontram mercado por conta da falta de informação de alguns consumidores.


- Algumas pessoas que têm dificuldade de emagrecer querem uma pílula mágica. Nós somos contra a automedicação - alertou, ressaltando a importância do acompanhamento profissional.

Paralelamente, a Anvisa e a comunidade médica discutem a possível proibição de outros remédios para emagrecer: a sibutramina e os anorexígenos anfetamínicos (anfepramona, femproporex e mazindol).

- Esses são comprovados clinicamente - disse Golbert.

01/04/2011
Fonte: O Globo