quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Nova regra da Receita Federal terá maior impacto nas importações


A Receita Federal anunciou mudanças para o sistema Radar – Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros. Todas as empresas que desejam trabalhar com operações de Comércio Exterior devem se habilitar na Receita Federal do Brasil. Entre as principais mudanças no sistema estão a criação de habilitação expressa para empresas que vão atuar na Copa do Mundo; criação de habilitação expressa, para empresas exportadoras e sem restrição de valores para exportação (antes os valores eram limitados a USD 300.000,00 por semestre). 
Nos prazos, também haverá alterações: habilitações expressas podem ser aprovadas em dois dias, limitadas ou ilimitadas, em até 10 dias. A habilitação ordinária agora se chama Ilimitada, e a simplificada passou a ser chamada limitada, ou expressa para alguns casos.Para Alfredo Novais, sócio da ABN8, empresa especializada em operações de comércio exterior, as medidas trarão impacto imediato na economia brasileira, sobretudo nas importações: "as novas regras farão as empresas exportarem mais. É uma forma de fortalecer a economia brasileira e conter a entrada de produtos estrangeiros. A balança comercial tende a ficar favorável para o país", analisa.
De acordo com o consultor, é fundamental que as empresas organizem sua documentação para conseguirem exportar importar: "será mais difícil obter a habilitação limitada, pois as empresas terão que provar agora capacidade operacional e financeira para realizar as operações. Deverão, inclusive, apresentar comprovação do capital integralizado", comenta. "O grande problema é que este é um dos maiores motivos de indeferimento de habilitações ordinárias, pois muitas empresas realizam estas integralizações em datas diversas, e muitas vezes a Receita Federal não aceita este argumento”, finaliza Novais.
FONTE: Jornal do Brasil
19/09/2012

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

México já se beneficia de custo maior na China



O aumento dos salários e a desaceleração do crescimento na China representam uma chance para o México recuperar diversos negócios que fugiram atrás da mão de obra barata do outro lado do Pacífico na década passada, quando os salários chineses eram, em média, um quarto dos salários mexicanos.
O México já pode ser um lugar mais barato para se fabricar uma série de produtos para o mercado americano, segundo o Boston Consulting Group, que estima que o salário industrial médio da China superou o do México este ano, considerando as diferenças de produtividade. O trabalhador mexicano típico produz mais por hora do que o chinês, e a proximidade com os EUA significa que as empresas americanas podem enviar as mercadorias aos seus clientes americanos mais depressa, e com frequência a um custo menor.
No ano passado a Viasystems Group, fabricante de armários industriais sediada em Saint Louis, no Estado de Missouri, trouxe de volta para o México parte da sua produção na China. "Nossos clientes levaram alguns anos para reagir ao aumento dos custos na China. Mas agora eles estão muito mais interessados em fabricar aqui", disse Homero Galindo, chefe da Viasystems no México.
A China continua mantendo enormes vantagens, inclusive um bilhão de consumidores. Com o aumento dos salários no país, os chineses terão mais dinheiro para gastar consumindo produtos, e não simplesmente fabricando produtos para o resto do mundo.
Poucos esperam um retorno em massa da produção para o México. A guerra contra as drogas afugenta os novos negócios, e o país não criou uma força de trabalho qualificada, nem uma cadeia de fornecimento de peças que represente um desafio sério ao predomínio chinês na produção industrial.
Mas à medida que os salários chineses continuam subindo, o México parece o país em melhor posição para se beneficiar. O México é o lugar mais barato fora dos EUA para se fabricar para o mercado americano, segundo um levantamento de dezembro de 2011 feito pela empresa de consultoria Alix Partners.
As fábricas mexicanas ao longo da fronteira com os EUA podem abastecer o mercado americano mais rápido que as asiáticas, em especial quando se trata de produtos que dependem de projeto personalizado ou do capricho da moda.
O cliente que compra um computador da Dell em uma grande loja leva para casa um produto fabricado pela Foxconn na China. Mas, se o cliente entrar no site da empresa, ele pode personalizar sua compra - digamos, acrescentando mais memória ou uma capa cor de rosa. Esses computadores são montados e despachados em uma vasta fábrica da Foxconn perto de Ciudad Juárez, que chega a produzir 35 mil laptops e computadores de mesa diariamente.
"Podemos ter um caminhão carregado no lado americano da fronteira dentro de poucas horas", disse Francisco Uranga, chefe de desenvolvimento de negócios para o México da Foxconn.
O México também é atraente para produtos volumosos ou caros de transportar. A produção mexicana de automóveis atingiu nível recorde e várias montadoras não americanas, incluindo a Nissan e a Volkswagen, planejam abrir fábricas multibilionárias no país.
Um retorno dos negócios para o México também beneficiaria os EUA. As empresas americanas ganham 37 centavos em cada dólar exportado pelo México, porque as empresas mexicanas dependem muito de componentes fabricados nos EUA. A proporção é muito menor nas empresas chinesas, que utilizam sobretudo insumos produzidos localmente. Além disso, a oferta de mais empregos ao sul da fronteira reduz o incentivo para a imigração ilegal de mexicanos para os EUA.
Na década passada, nenhum país foi tão prejudicado pela ascensão da China como o México. O país foi o pioneiro dos mercados emergentes desde a assinatura de um acordo de livre comércio com os EUA e o Canadá, que entrou em vigor em 1994. De início, o México recebeu um estímulo com o pacto. Mas muitas empresas que se estabeleceram no país depois foram para a China, onde os salários baixíssimos mais que compensavam as vantagens tarifárias do México.
A China hoje exporta cerca de US$ 1,9 trilhão anual em mercadorias para o mundo todo, cerca de cinco vezes mais que o México em termos de dólares. Há dez anos, a China exportava mais ou menos o dobro do México. Desde então, o salário médio em toda a China subiu de US$ 0,60 por hora, em 2000, para US$ 2,50 por hora, incluindo benefícios, segundo a Flextronics International, fabricante de eletrônicos sediada em Cingapura, que tem 40 mil trabalhadores no México e 100 mil na China. O salário médio no México, incluindo benefícios, é de cerca de US$ 3,50 por hora, disse a empresa. Nos próximos anos, segundo a Flextronics, os salários chineses provavelmente vão ultrapassar os mexicanos.
O objetivo das autoridades chinesas é aumentar os salários, mesmo que isso signifique ceder para outros países o papel de produtor mais barato - juntamente com seus empregos de menor remuneração. Para as empresas, o lado positivo do aumento dos salários na China é que os consumidores chineses estão mais ricos. "Pode ser um pouco mais caro produzir na China paraexportação, mas também significa contar com uma base de consumidores em ascensão", disse Mike McNamara, diretor-presidente da Flextronics. "Então, se você também vende para a China, pode fazer sentido produzir apenas lá, em vez de dividir as operações em locais diferentes."
"Se você considerar a moeda, o aumento dos salários e outros impostos na China - tudo isso gera dificuldades relativamente fortes", disse Bill Muir, diretor-executivo de produção na Jabil Circuit, fabricante de eletrônicos da Flórida. Há alguns anos, fabricar máquinas de lavar no México só valia a pena se o fabricante esperasse que 30% a 40% das máquinas precisariam de entrega expressa. Mas agora esse número pode ser de até 10% para que seja vantajoso escolher o México, disse Muir.
O principal fator que prejudica o México, disse ele, é a violência. Estima-se que 16 mil pessoas morreram em homicídios relacionados com drogas no ano passado, e mais de 50 mil nos últimos cinco anos. De acordo com um relatório das Nações Unidas de 2011, a taxa de homicídios do México foi de 18,1 pessoas por 100 mil habitantes em 2010, em comparação com cerca de 5 nos EUA e 1,1 na China.
"É uma ironia trágica, porque o México melhorou sua competitividade justamente nos últimos cinco anos", disse Muir. "E esse também foi um período em que a situação de segurança do México realmente se deteriorou."

Autor(es): Por David Luhnow e Bob Davis | The Wall Street Journal, da Cidade do México e Pequim
Valor Econômico - 17/09/2012

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Substituição tributária vira alvo de disputas judiciais

Empresas reclamam – com razão – de margens estabelecidas muito acima do valor real das mercadorias
DO VALOR

Cada vez mais usado pelos Estados, principalmente no Sudeste, o sistema de substituição tributária tem sido adotado para os mais diversos setores da economia, principalmente pela facilidade de fiscalização e redução da sonegação. O que pode ser uma solução para os Estados, é cada vez mais questionado por contribuintes, administrativamente e no Judiciário.
Hoje um dos principais questionamentos dos contribuintes é a Margem de Valor Agregado (MVA), que influencia diretamente no preço final dos produtos, assim como a devolução da diferença do ICMS nas vendas – discussão que aguarda uma definição do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Todas as empresas ficam preocupadas com as margens estabelecidas muito acima do valor real das mercadorias porque não há como recuperar essa diferença”, afirma o advogado Júlio de Oliveira, do Machado Associados. Na substituição tributária, um representante da cadeia produtiva recolhe o ICMS pelos demais. O fabricante, por exemplo, recolhe pelo distribuidor o imposto quando vende o produto e este, por consequência, paga o tributo antecipadamente. A base de cálculo do recolhimento parte de um valor estipulado (presumido) como o de venda.
Em São Paulo, uma portaria publicada na semana passada ampliou o prazo para as pesquisas de atualização da MVA. Elas tinham que ser feitas a cada 15 meses. Agora, serão realizadas a cada 21 meses. Para Helcio Honda, diretor jurídico da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a ampliação do prazo é uma forma de corrigir algumas distorções nas MVAs hoje cobradas. “Além disso, isso diminuiria o custo com essas pesquisas, que são altos”, afirma. Para ele, o próximo passo deve ser uma revisão de quais produtos devem se submeter à substituição tributária.
O diretor-adjunto da Diretoria da Administração Tributária (Deat) paulista, Afonso Quintã Serrano, afirma que o governo tem que construir uma média ponderada, que pode ser maior ou menor do que o valor agregado de fato à mercadoria. De acordo com ele, os setores têm que comprovar que contrataram instituto de pesquisa até nove meses antes de as novas margens entrarem em vigor. Depois, têm 30 dias para discutir os dados com o instituto e devem entregá-los ao Fisco 60 dias antes da vigência. “Vários Estados usam as margens de São Paulo por reconhecer a idoneidade desse processo”, diz.
No Rio de Janeiro, foram realizadas, em agosto, as primeiras audiências públicas para discutir a MVA com setores interessados. A Lei nº 6.276 estabeleceu isso em contrapartida ao fim de margens máximas de valor agregado, que antes existiam no Estado. “Isso impedia o Rio de aderir a convênios do qual participam vários Estados, unificando as alíquotas nas operações interestaduais”, afirma Renato Vilella, secretário da Fazenda do Rio. Segundo ele, as margens aplicadas estavam defasadas.
Cheryl Berno, chefe da divisão tributária da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), afirma que a lei foi modificada porque o próprio governo começou a extrapolar as margens máximas e o Tribunal de Justiça do Estado (TJ-RJ) considerou a medida ilegal. Em relação às audiências públicas, segundo ela, a discussão é limitada porque o governo primeiro firmou protocolos com outros Estados e só depois abriu a discussão com as entidades. Nessa revisão, subiu de 26,50% para 33,08% a MVA na saída de autopeças de concessionária autorizada.
O Estado de Minas sempre chama as empresas para participar da definição das margens, segundo Pedro Meneguetti, secretário-adjunto da Fazenda mineira. “O Estado acompanha os preços para firmar as MVAs e, se o preço do produto sobe, contrata um instituto de pesquisa para atualizar os valores. Mas se o setor discordar, pode contratar uma pesquisa e nos apresentar”, diz. Para o advogado Marcelo Jabour, diretor da Lex Legis Consultoria Tributária, por mais que haja participação dos contribuintes na definição das margens, a média nunca refletirá a realidade de um país com Estados tão economicamente favorecidos e outros desfavorecidos. “Além disso, os que têm o tributo pago por terceiros, na substituição tributária, acabam com créditos acumulados de ICMS”, afirma.
Além dessa discussão, os setores atingidos pela substituição tributária aguardam há quase dez anos um desfecho no Supremo de duas ações diretas de inconstitucionalidade (Adins), contrar normas de São Paulo e Pernambuco, que definirá se os Estados devem restituir aos contribuintes as diferenças que podem surgir de ICMS entre o valor da mercadoria com base na MVA e o montante real da venda final. Entidades envolvidas nas Adins estimam que o impacto dessa discussão para todos os Estados do país seja de cerca de R$ 10 bilhões. O julgamento está empatado em cinco a cinco. Falta o voto do ministro Ayres Brito, que aposenta-se em novembro.
“Além disso, dos cinco ministros que votaram contra o contribuinte, quatro já se aposentaram”, afirma Marco Antonio Pinto de Faria, diretor-presidente do Grupo Skill, que atua no processo como amicus curiae (parte interessada) junto da entidade que representa os distribuidores de bebidas. “Defendemos que o ICMS obedece ao sistema de débito e crédito, não é cumulativo, e isso tem que ser preservado coma restituição do que for pago a mais pelas indústrias”, afirma.
Para Marcelo Malagoni, da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), a substituição tributária tem sido usada de forma arrecadatória. “No início, só eram assim tributados os produtos que no varejo eram muito pulverizados. Mas depois quase tudo passou a ser tributado de forma antecipada, como instrumentos musicais e artigos esportivos”, critica.




segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Impactos da greve serão sentidos pelo menos até meados de outubro


BRASÍLIA - Apesar da greve ter se encerrado no início da semana, seus efeitos deverão ser sentidos até meados de outubro. Em alguns casos, os danos da paralisação foram irreversíveis, como na Controladoria-Geral da União (CGU).

Diversas paralisações temporárias no órgão levaram à não fiscalização de 36 municípios de um total, de 60 sorteados nos primeiro semestre para um acompanhamento das contas públicas. “Se havia irregularidades nesses 36, os corruptos certamente ficaram muito felizes com a greve”, disse o ministro da CGU, Jorge Hage.

Já no Ministério da Agricultura, a estimativa é que as atividades dos fiscais federais agropecuários serão normalizadas em duas semanas. Em nota, o ministro Mendes Ribeiro considera que “em função da decisão da Justiça que estabeleceu percentuais mínimos de fiscais agropecuários federais em postos estratégicos, como portos e aeroportos, o impacto direto foi pouco significativo”.

Na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o prazo também é de duas semanas para que o acúmulo de processos em portos aeroportos e fronteiras termine.

Já nos outros postos, a demora deve ser de 20 a 30 dias, chegando a 40 dias nos processos administrativos internos da Anvisa, segundo estimativa do diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Barbano.

No caso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o efeito negativo da greve foi percebido na divulgação incompleta dos dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME). Nas PMEs divulgadas em julho e agosto, os dados do Rio de Janeiro (RJ) ficaram de fora. A última divulgação também faltou a sistematização dos dados referentes à Salvador (BA). As informações chegaram a ser coletadas, mas não foram analisadas, o que deve acontecer em breve.

A greve dos servidores do IBGE, que atingiu 30% do quadro, segundo a assessoria do órgão, também atrasou a coleta dos dados das pesquisas anuais, mas não haverá atraso na divulgação das informações, já que nos próximos três meses a situação deve se normalizar.

A assessoria da Receita Federal informou que a direção do órgão não comenta efeitos da greve parcial dos auditores em portos, aeroportos e postos de fronteira.

Valor Econômico 
Por Lucas Marchesini 

Camex eleva em até 25% Imposto de Importação de produtos vindos de países fora do Mercosul

Brasília – Reunido hoje (4) pela primeira vez neste ano, o conselho de ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex) elevou para até 25% o Imposto de Importação de uma centena de produtos importados de países de fora do Mercosul, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Segundo ele, o objetivo da medida é “estimular a produção nacional”, uma vez que a indústria brasileira sofre pesada concorrência de fora.

O ministro disse que o aumento da alíquota, nos termos admitidos pela Organização Mundial do Comércio (OMC), abrange produtos siderúrgicos, petroquímicos, borracha, pneus e alguns medicamentos. Ele enfatizou, porém, que os preços dos produtos serão constantemente monitorados para evitar majorações de preços no mercado interno, “caso contrário, derrubaremos a alíquota imediatamente”.

Mantega classificou o aumento da alíquota como mais uma medida para proteger a indústria nacional, já beneficiada com medidas na área cambial, com a redução de custos financeiros e tributários, além de menores juros para facilitar investimentos.

Para o ministro, as medidas de proteção são necessárias porque “está faltando mercado no mundo e os poucos mercados que crescem vêm atrás do Brasil, e a nossa indústria está sendo prejudicada com isso”.

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, disse que a lista de produtos com Imposto de Importação maior será encaminhada imediatamente aos parceiros do Mercosul, que têm prazo de 15 dias para aprová-la ou apresentar objeções, se for o caso. Cumprida a exigência formal, Pimentel acredita que a lista deve entrar em vigor na última semana de setembro. A medida terá validade de 12 meses, prorrogável por igual período.

Edição: Lana Cristina
Agência Brasil
Stênio Ribeiro